Use Cibalena

Monday, January 22, 2007

And They All Look Just The Same!

Estava revendo na minha cabeça a quantidade de filmes indies que são todos iguais...

O Solitário Jim, Garden State, Vida que Segue, Por um Sentido na Vida, Junebug...São todos repetições de 2 horas de cada um dos outros filmes...

Aí pensei cá comigo mesma: "Ora bolas! Por que não fazer o meu próprio guia?"
não precisa nem de uma história complexa e bem pensada, basta ter alguns elementos e você já consegue um vaga no sundance e uma platéia de óculos grossos no unibanco.

Vamos lá,

Filmes Indie 1.01

-O título pode ser qualquer um, contanto que tenha um número nele. Vamos lançar moda!
- Selecione um ator principal não muito famoso, mas já conhecido pelo público (Jake Gyllehaal, Zach Braff e Casey Affleck já estão muito hypados, e nem me venha com o merdinha do Seth Cohen...) Minha sugestão? Colin Hanks ou Patrick Fudgit são boas escolhas.
-Escolha um diretor estreante, ou um cara que já tenha sido ator..Diretores estreantes eu não posso sugerir, mas atores/diretores dá para dar uma ajudinha. Nada do nível do Clint Eastwood, mas tomando como exemplo Steve Buscemi e Zach Braff, sugiro Tom Hanks (prá apoiar o filme do filho, escalado acima) ou Kevin Bacon (que desde que fez a bomba do Homem Sem Sombra, deve estar topando tudo). Pode até ser um Terry Zwigof, mas...não, não, terry Zwigoff não trabalha mais nisso não...
-Para a personagem feminina linda-e-ainda-não-notada-pela-pequena-cidade-só pelo seu mocinho (que pode ser bizarro...lembre-se que Zach Braff pegou a Natalie Portman em Garden State, Casey Affleck pegou a Liv Tyler em Solitário Jim e Lyle Lovet catou a Julia Roberts na vida real...isso não tem nada a ver, mas é sempre bom falar), sugiro a Anna Paquin ou a Amy Smart. Nota-se que essa personagem que já foi interpretada pela Jeniffer Aniston e Ellen Pompeo além das outras acima, tem toda a liberdade de ser uma estrela bem mais famosa que seu personagem principal.
- Encontre uma banda que comece com "The" e peça para eles fazerem sua trilha sonora. Pode ser só umas três músicas, o resto você enche com uma nota só no teclado ou escolhe coisas do tipo "Boken Social Science", "Kings of Convenience", "Architecture in Helsinki" e "Dandy Warhols" (mas essa só no caso de haver uma festa que o personagem principal fique chapado)
Agora que já temos a equipe, vamos à história...
- Faça uma história de um escritor que tenta escrever sua obra-prima, mas está com um bloqueio criativo. Para demonstrar esse bloqueio criativo, faça com que sua personagem sente na escrivaninha e comece a digitar em sua máquina de escrever (sim, máquina de escrever é obirgatória), mas sempre arranca suas folhas e amassa o papel.
-O escritor vai usar um blazer preto, uma calça jeans velha e suja e um All-Star, e vai beber cerveja na garrafa
-A Personagem feminina, será uma garota inteligente, bonita, simpática, solteira e, milagrosamente, não notada por nenhum membro da cidade. Nem Bob, o pescador; Nem Ben, o cara da Padaria. Betty, a moça do bar é que conhece a garota
-Filme cenas vazias e silenciosas (pelos menos 3, sendo uma do poético horizonte) que aparentam significar mais do que realmente significam.
-O cara tem que ser meio torto na hora de falar suas próprias palavras. Ele vai dizer que é um escritor, e não é bom em conversas feitas na hora
-Deixe seu herói recitar poemas de Whitman, passagens de Hemingway, e idéias de Kant
-O protagonista já deve ter tentado, sem sucesso obviamente, se suicidar e por causa disso sempre se xinga falando que não consegue completar nada e nem fazer algo direito
-Faça referências a Fellini, Taxi Driver, Tarantino, Almôndegas e Hamsters
-Quando o homem e a moça perfeita e complicada (provavelmente a gente vai descobrir que ela tem um filho, ou é viúva) se separarem no quase-final do filme, deixe e união dos dois em aberto. Isso está na moda agora. Ou os dois não vão ficar juntos, ou a gente não vai saber o que acontece, mas os dois ficando juntos já saiu de moda...
-Enrole tudo isso em 98 minutos (nem um minuto a mais, nem um minuto a menos) e você tem um candidato para o Sundance!

boa sorte e prepare seu discurso de agradecimento, just in case

Saturday, January 20, 2007

Little Boxes Made Of Ticky Tackys

Eu andei muito de carro nesses dias. E fiquei surpresa como meu nível de sadismo inconsciente.
Normalmente quando a gente está numa estrada e vê de longe um ponto marrom no meio do asfalto, a gente torce para não ser um cachorro morto, porque a gente não quer ver um cachorro morto. Mas a gente sempre olha para ter certeza de que não é um cachorro morto e acaba vendo o que não quer ver. Não seria mais fácil fechar os olhos e viver com o sentimento de dúvida?
Sei lá, eu estou pensando muito nisso ultimamente. Não acredito que isso seja uma metáfora para alguma coisa, ou um exemplo do meu lado infantil e obscuro. Apenas acredito que esse assunto simples signifique alguma coisa. Talvez no fim desse texto eu descubra. Ou amanhã. Ou talvez nunca, fazendo com que eu morra com o sentimento de dúvida de que isso possa significar alguma coisa... Mas esses assuntos banais sempre aparecem na minha cabeça. De quinze em quinze dias eles mudam eu não me surpreendo mais (na verdade não me surpreendo com muitas coisas desde que minha mãe comprou o cd do My Chemichal Romance para ela).

Penso muitas vezes sobre a falta de surpresas dos dias de hoje. Acho que o exemplo do cachorro na estrada possa estar ligado a isso. Talvez a gente queira ter uma surpresa boa, como se o pedaço de papelão da estrada significasse um cachorro a mais no mundo... Sabe aquele negócio de que cada vez que você ouve um sino, um anjo ganha asas? Acho que cada vez que a gente vê um pedaço de pano ou palpelão no canto da estrada, um cachorro ganha vida. Mas sei lá, talvez esteja apenas viajando. Tentando encontrar um assunto que me prenda por mais umas 10 linhas, porque faz tempo que eu não escrevo nada aqui...Parece que estou escrevendo contra o tempo. fico um mês sem postar absolutamente nada, mas quando tenho um assunto em mente parece que preciso escrever alguma coisa o mais rápido possível,mesmo que esse assunto seja cachorros no acostamento ou anjos que ganham vida cada vez que você enxerga um pedaço de papelão...

Eu tenho um celular que precisa ter sua bateria carregada. eu tenho que terminar um livro. eu estou esperando um download acabar. e here I am, matando o meu tempo e esperando que alguma idéia genial e pulitzer worthing apareça na minha cabeça..E enquanto eu espero eu ouço os barulhos do meu celular que precisa ser carregado. vejo a porcentagem do meu download aumentar... e nada muda no meu livro...Mas é a biografia da Bette Davis, então eu sei como acaba...

Estranho isso. Nunca tinha acontecido comigo. sim, tive vezes que dava um branco na minha cabeça, mas isso era momentâneo. As primeiras palavras desse texto foram escritas ontem. o dia novo de hoje não me ajudou a acrescentar nada aqui. E olha que nesse meio tempo eu assisti Babel que é um filme de "intelectual de blog" que coloca pensamentos sobre a globalização e a falta de comunicação em um mundo que facilita a conversa e blá blá blá de marxistas que lêem revista Ocas...Eu deveria ter algo para acrescentar aqui. Mas de certo modo esse post foi diferente. Eu sentei na frente do computador com a idéia de escrever algo sobre o nosso sadismo inconsciente e realmente escrevi. 5 linhas foram suficientes e, ao divagar sobre a minha falta de assunto para evitar um texto totalmente sem graça, eu só quis prolongar o inevitável... Mais ou menos como aquelas horas em que a gente vê, de longe, um borrão escuro no meio do asfalto...Mas talvez isso não signifique nada...ficaremos com o benefício da dúvida porque estou sem a minha bola 8 para perguntar.